Redação
Declarações do presidente Lula (PT) sobre o contexto internacional continuam repercutindo e são o assunto principal da imprensa neste início de semana – compartilhadas com a morte do empresário Abílio Diniz e a estranha fuga de dois bandidos de um presídio de segurança máxima no Rio Grande do Norte.
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Uma das consequências para o chefe do governo brasileiro: Lula foi considerado persona non grata pelo governo de Israel.
O jornalista Josias de Souza analisa:
“Na viagem à África, Lula soou adequado por escrito e aloprou no improviso. Lendo discursos lapidados pelo Itamaraty, condenou o terrorismo do Hamas, lastimou a desproporção da resposta israelense e reiterou o direito dos palestinos a um estado. Com a língua solta, Lula contrapôs a eliminação de 6 milhões de judeus pela indústria de extermínio de Hitler à matança de quase 30 mil civis palestinos pela máquina de guerra de Netanyahu.
A fala foi ofensiva, seletiva e inútil. Imaginando atirar em Netanyahu e nos crimes de guerra que seu governo comete em Gaza, Lula ofendeu o Estado e o povo judeu, estimulando o antissemitismo. O ineditismo é seletivo porque Lula ignora genocídios como os de Ruanda e o do povo armênio. Ou crimes como os praticados por Estados Unidos e Rússia nas guerras do Iraque e da Ucrânia. A manifestação é inútil porque enferruja o profissionalismo da diplomacia brasileira sem modificar o drama em que o terrorismo do Hamas meteu os palestinos.
Lula forneceu material para que o gabinete ultraconservador de Israel desvie o foco da pilha de cadáveres de Gaza para o front diplomático. Nesta segunda-feira, o chanceler israelense Israel Kantz escreveu nas redes sociais que Lula será ‘persona non grata’ enquanto não pedir desculpas. Convocou o embaixador brasileiro Frederico Meyer para dar explicações não no Ministério das Relações Exteriores, mas no Museu do Holocausto. Ali, disse ele, pode-se testemunhar o que Hitler fez com os judeus, ‘inclusive membros da minha família’.
Na política externa, Lula desperdiçou no primeiro ano a oportunidade de consolidar como ativo pessoal a herança que recebeu de um pária orgulhoso. Contaminado pelos bajuladores que cultivavam o delírio de levá-lo ao Prêmio Nobel da Paz, Lula confundiu o aplauso internacional à derrota de Bolsonaro com aprovação pessoal. Imaginou-se portador de um salvo-conduto para desfilar idiossincrasias petistas pelo mundo. Gastou parte do prestígio elogiando ditadores e metendo-se em trincheiras erradas.
Ao jogar o holocausto no ventilador de Gaza, Lula inicia o segundo ano transformando seus tropeços internacionais num processo de dilapidação do patrimônio do Itamaraty. Uma riqueza que havia sido valorizada no Conselho de Segurança da ONU.”
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