Júlia Barbon / Folhapress
Mais de 500 voos com destino ou origem na Argentina foram cancelados nesta quarta-feira (28) por uma greve de 24 horas de funcionários dos aeroportos do país. Gol, Latam, Aerolíneas Argentinas, JetSmart e outras companhias aéreas anunciaram a paralisação total de suas operações.
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As únicas que continuam funcionando, com algumas alterações, são a American Airlines e a "low cost" Flybondi, que têm serviços próprios nos terminais. As outras dão opções de remarcação sem custo ou reembolso aos passageiros afetados.
Só nos aeroportos internacionais Ezeiza e Aeroparque Jorge Newbery, em Buenos Aires, foram 498 viagens canceladas e mais 41 modificadas, informou a concessionária Aeropuertos Argentina 2000 à Folha de S.Paulo. A empresa estima mais de 47 mil pessoas impactadas apenas no Aeroparque.
Ali, a entrada nos terminais chegou a ser fechada pela segurança nesta quarta, o que deixou passageiros na porta aguardando informações ou tentando reservar hospedagens à espera de novos voos.
A greve foi acordada na última semana por três sindicatos, que pedem mais do que o aumento salarial de 12% oferecido por empresas do setor para março –a inflação do país (a maior do mundo) foi de 21% em janeiro, mas espera-se que baixe nos próximos meses.
Inicialmente, a paralisação começaria ao meio-dia e duraria 12 horas, mas nesta terça (27) foi antecipada para a meia-noite pela Associação de Pessoal Aeronáutico (APA), União de Pessoal Superior e Profissional (Upsa) e Associação dos Pilotos de Linhas Aéreas (APLA).
Os funcionários que cruzaram os braços são da Intercargo, responsável por transferir passageiros e bagagens aos aviões, e da estatal Aerolíneas Argentinas, que o presidente Javier Milei quer privatizar.
Eles argumentam que há uma defasagem de 70% dos salários diante da explosão dos preços no país e dizem que estavam próximos a um acordo com as empresas, depois de dias de negociações. Acusaram, porém, o ministro da Economia, Luís Andrés "Toto" Caputo, de ter desautorizado o acordo.
Essa é a segunda paralisação nos terminais argentinos desde que Milei assumiu a presidência, em dezembro. A primeira ocorreu em 24 de janeiro, quando uma greve geral parou diferentes setores do país contra seu pacotão de leis liberais apelidado de "lei ônibus", que voltou à estaca zero após discordâncias com a oposição.
GOL - A Gol informou que cancelou todos os voos que opera nos aeroportos de Buenos Aires, Córdoba e Rosário nesta quarta e ampliou suas operações nesta quinta (29). Segundo a companhia, os clientes estão recebendo comunicados por e-mail e SMS e podem fazer a remarcação sem custos. Quem comprou via agências deve procurar seus representantes.
LATAM - A Latam também confirmou o cancelamento de todos os voos com destino ou origem na Argentina, citando a greve dos funcionários da Intercargo. Os passageiros podem pedir reembolso ou alterar a data sem custo, em até um ano (contando a partir do dia da ida).
AEROLÍNEAS ARGENTINAS - A Aerolíneas Argentinas é a principal afetada, uma vez que servidores da companhia também estão em greve. A estatal cancelou 331 voos, sendo 305 voos domésticos, 24 regionais e 2 internacionais, e estimou 24 mil passageiros afetados, além de outros 10 mil que já realizaram alterações voluntárias nos últimos dias.
A empresa também calculou um custo de US$ 2 milhões (R$ 10 milhões).
FLYBONDI - A companha de baixo custo argentina Flybondi, que também tem conexões com o Brasil, transferiu toda a sua operação no Aeroparque, em Buenos Aires, para Ezeiza, onde tem assistência própria em terra. Manteve 60 voos no total e cancelou 6. Segundo a empresa, os passageiros poderão mudar a data sem custo pelo site, desde que o atraso seja de mais de quatro horas.
JETSMART - A "low cost" JetSmart foi outra das que teve que cancelar 45 voos nesta quarta, afetando 8.300 pessoas.
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